Minimizando código duplicado com React Native no Elo7

Minimizando código duplicado com React Native no Elo7

Início

Quando entrei no Elo7, estávamos engatinhando no mundo dos aplicativos, tínhamos uma versão apenas para o Android, que era basicamente um wrapper de um conjunto de webviews, com um drawer menu nativo. Olhando o roadmap, percebemos que logo atacaríamos uma versão mais nativa (sem tantos webviews) para o iOS e Android. O tempo foi passando e logo as versões mais nativas foram amadurecendo. Então, percebemos que havia uma quantidade de código semelhante* em ambas plataformas: consumo de um endpoint/API, mapeamento de um JSON para um modelo e exibição na tela, etc.

*Semelhante = códigos que fazem exatamente a mesma coisa, porém em linguagens diferentes (Android = Java, iOS = Objective-C)

Com essas informações, definimos que iríamos minimizar esse código dúplicado, com a premissa de criar aplicativos nativos. Fomos atrás de material na internet e encontramos o Djinni, do Dropbox, que tinha uma proposta alinhada com algo que procurávamos, porém apenas a camada de UI (User Interface), teria que ser escrita em cada plataforma. Fizemos algumas provas de conceito e o resultado não foi o que esperávamos, o código escrito usando o Djinni era em C++, não abstraía a camada de UI e ainda assim era complexo de integrar com apps já existentes. Então assumimos que a melhor maneira de construir aplicativos na época, era manter a abordagem que já estava dando certo, cada plataforma com o seu código.

Meio

Novamente, olhando o roadmap, vimos que desenvolveríamos mais dois aplicativos destinados aos vendedores que, por sua vez, teriam algumas features já presentes nos aplicativos dos compradores (já mencionados). Nessa época, decidimos modularizar o que seria semelhante em mais de um aplicativo. Lembrando que ainda nesse ponto, não compartilhávamos código entre plataformas (Android e iOS). Dividimos as aplicações em libraries do iOS e Android: módulo de mensagens - responsável por abstrair quase tudo que tem relação com o nosso fluxo de troca de mensagens; módulo commons - responsável por abstrair fluxo de login, tela de perfil e tudo que considerávamos comum entre os aplicativos; módulo networking - responsável por abstrair nossa camada HTTP;

Segue uma descrição resumida do cenário do Android, visto que do iOS é muito semelhante, ele será omitido:

Talk7 consome as libraries:

  • módulo de mensagens
  • módulo commons
  • módulo networking

Elo7 consome as libraries:

  • módulo de mensagens
  • módulo commons
  • módulo networking

Com essa estrutura e a famosa Clean Architecture, alcançamos um reaproveitamento de código legal, com todas aquelas vantagens de evitar código duplicado que todo mundo já conhece, tem até uma palestra minha com o Thiago Pilon que falamos bastante a respeito da arquitetura que adotamos na época. (Thiago Pilon)

Fim (pelo menos até agora)

Eis que algumas pessoas/empresas não paravam de falar que o React-Native (RN) era uma solução elegante para compartilhamento de código entre plataformas, que é uma ferramenta que permite escrever aplicativos nativos usando React e Javascript e tem como diretiva: aprenda uma vez e escreva aplicativos para as duas plataformas (Android e iOS, eventualmente até aplicações WPF/Phone para Windows).

A proposta do RN é ambiciosa, gerar código nativo, componentes de UI nativos, integração com código já existente, toolset bem completo e até possibilidade de atualização de aplicativos já instalados.

Esses dois últimos pontos chamaram bastante nossa atenção, poderiamos colocar o RN na nossa base de código sem reescrever todo o projeto, uma vez que a integração com a parte nativa era possível e também poderíamos subir uma correção de bug sem a necessidade de passar por todo o processo de review/aprovação da Apple, isso sem falar que teríamos nossa base inteira atualizada em pouco tempo. <3

Prova de conceito

Concluímos que a proposta do RN casava muito bem com aquela premissa lá do começo do post, de evitar código duplicado entre as plataformas (Android e iOS), então decidimos avaliar. Fizemos nossa prova de conceito e obtivemos sucesso, porém a integração deu bastante trabalho, e até que chegássemos à uma solução production-ready, investimos muito esforço. O problema era que os mantenedores do RN estão acostumados com uma estrutura de diretórios diferente da que temos aqui e não queríamos mudar nossa estrutura atual, afetando a produtividade do time modificando a maneira de trabalhar.. Então, tomamos a ousada decisão de fazer a integração de uma forma bem diferente da sugerida.

Estrutura de diretórios sugerida:

ios/
android/
package.json
src/
node_modules/
...

Ou seja, nosso projeto estaria acoplado ao RN :/, e não queríamos isso, pois se um dia abandonarmos a ideia de utilizar RN, poderíamos simplesmente removê-lo. :) Por essa motivação, gostaríamos que a lib que abstraísse o RN também fosse uma dependência dos aplicativos atuais, algo como:

Talk7 consome as libraries:

  • lib de mensagens
  • lib commons
  • lib networking
  • lib react native

Após um tempo investido, aproximadamente 1 mês, alcançamos esse objetivo. O único incômodo causado para a parte do time que não estava totalmente envolvida com essa integração, era a instalação do NPM para podermos gerar o bundle com os componentes escritos em RN. Acredito que a explicação de como integramos o RN nos aplicativos daqui vale um outro post, pois é um tema bem extenso e não está no escopo do tema deste post.

Hoje

No Elo7, o RN vem cumprindo seu objetivo, por isso já temos diversas features feitas inteiramente em RN, que se comunicam com o nosso backend e são exibidas nas plataformas Android e iOS, compartilhando código Javascript de fácil manutenção.

Bom, mas e a experiência do usuário, como fica? Não precisa ser igual, se você precisar de customizações específicas para cada plataforma, o RN resolve muito bem, vale a pena conferir.

Aqui vai um exemplo de código em React Native, bem simples, com o objetivo de exibir um pouco a forma que utilizamos o RN aqui no Elo7:

Caso tenha dúvidas ou sugestões, pode comentar abaixo. (:

Obrigado Thiago Pilon pela revisão e sugestões!